1.7.09

The Killing Moon

Nada como uma boa dose de ignorância midiática.

"Está marcado para esta tarde o julgamento dos quatro acusados pelo assassinato da estudante Aline Soares, há quase oito anos, durante a Festa do 12, em Ouro Preto. (...)

Os três réus, Cassio Inácio Garcia, Edson Poloni Lobo Aguiar e Maicon Fernandes Lopes, chegaram cedo. Camila Dolabella Silveira, prima de Aline, chegou acompanhada do advogado, que não permitiu filmagens. (...)

Segundo o Ministério Público, Aline Soares Silveira, na época com 18 anos, foi encontrada morta na madrugada do dia 14 de outubro, de 2001, no cemitério da Igreja Nossa Senhora das Mercês. A jovem estava sem roupa, com os braços abertos e os pés cruzados, como se tivesse sido crucificada. Havia 17 perfurações pelo corpo. Ainda de acordo com as investigações, ela foi morta durante um ritual macabro, envolvendo o jogo RPG. O julgamento já foi adiado três vezes. O último cancelamento foi em maio."

Fonte: Globominas


Para quem nunca ouviu falar do caso, em 2001 Aline foi encontrada morta no cemitério de Ouro Preto: Nua, cruxificada, com 17 perfurações no corpo e pernas cruzadas. A investigação completa levou 3 anos e gerou muitos noticiários de ojeriza e condenação moral ao RPG, que graças a ignorância da polícia local e apoio da mídia, virou o principal culpado do crime.

Pelo o que eu soube ao longo desses anos, durante a investigação, descobriram que a mandante do crime Camilla, a prima de Aline, convenceu os rapazes a simularem um jogo de RPG (passatempo favorito de Aline) apenas para matar Aline, com a qual tinha problemas de cunho amoroso.

A questão é que foram encontradas "provas" ligando o crime ao "ritual macabro de RPG". Traduzindo da ignorância: Acharam livros da linha Vampire: The Masquerade (dentre eles o controverso Livro de Nod, que em sua edição não tem nenhum aviso que é uma obra ficcional) e relacionaram (sabe-se lá deus como) com o visual do crime.

Pra quem conhece o jogo chega a ser estapafúrdia essa declaração, uma vez que é uma obra ficcional sobre vampiros e em nenhum lugar da mitologia e construção da história há qualquer referência a sacrifícios ou cruxificações de humanos! É uma história de Vampiros!

Tem violência? Sim, tem! Mas a própria cena do crime indica claramente que não há relação nenhuma com as obras citadas. Seria mais fácil o crime ter sido inspirado em livros Wicca do que em Vampire. A acusação é tão ridícula que chega a doer!

Fora o fato de que obras ficcionais sempre servem de desculpa pra qualquer maluco com sanha assassina: Mark Chapman e Salinger que o digam.

A questão principal aqui é a seguinte: Na época a mídia fez barulho, mas a quantidade de defesa acerca do RPG foi pouca e o crime só ficou esquecido por causa da lentidão da justiça mesmo. Hoje, com o julgamento voltou a tona toda a lógica torta Macabro-RPG-Morte para classificar o crime. Só que, te dou um dado?

O que a mídia não fala é que a lógica do RPG é estratégia da DEFESA, para atenuar a pena.

Assim como todo mundo que joga e já jogou RPG um dia, eu quero justiça para Aline sim, mas justiça verdadeira: Que a Prima maluca e seus assistentes ganhem penas de acordo com a barbaridade do crime e do motivo fútil (inveja, oi?) e não que um jogo seja a desculpa para sairem pela portinha lateral.


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