A lingua inglesa possui uma expressão: old habits die hard.
Estava prestes a fazer uma besteira, os dedos já prontos, o plano traçado, a pesquisa prévia, tudo certo para dar tudo errado. Seria simples rápido e talvez com sorte, eficaz. Mas como tudo que pode ser descrito como desnecessário, envolvia uma perda de tempo enorme em um esforço talvez sem sorte, inútil.
Ok, todo mundo sonha com uma chance de se vingar. Idiota quem não assume esse sentimento, e principalmente quando a chance se apresenta tempos depois - dando sentido total ao tíltulo de "prato frio que se come quente" - O que você faria?
Tem dias que acordo querendo ser mais malvada, ter mais culhões do que os atuais, ter poder, de calçar botas de couro imaginárias (ou não) e entrar pisando duro em um ambiente e prender todos os olhares, de triunfar gloriosamente tripudiando da desgraça alheia - Tudo o que não sou e provavelmente nunca serei.
Covardia é meu segundo nome? Não, não é.
A questão é simples. No momento em que me encontrava com a merda na mão e o ventilador na frente me ocorreu que o tempo que levaria fazendo isso era exatamente o tempo que faltava para outras coisas. Minha vida atual é um constante acúmulo de coisas a fazer - mato 3 leões por dia e ainda sobram 10 novos a matar - Com isso o tempo que preciso vai sendo subtraído do tempo de lazer, do tempo de descanso, do tempo com os amigos, do tempo de prazer, do tempo de pensar e cuidar de mim mesma. Tempo é uma mercadoria de luxo ultimamente e me peguei pensando se valia a pena perder tempo com vingança.
A primeira vista parece com discurso de legitimação para minha fraqueza, daqueles de superioridade - outra coisa que não faço e provavelmente nunca vou fazer.
Continuo sendo a mesma porcaria de sempre, continuo não me sentindo superior a, nem invejando ninguém; por outro lado continuo a perder tempo com coisas inúteis e desnecessárias e acumulando necessidades adiadas. Eu nem sequer poderia entrar na internet hoje e por alguns bons minutos achei que a sorte tinha me servido de garçonete, mas pensando melhor, a equação não fechava: Importância do fato < Tempo a perder = Tempo de vida. Não que minha vida seja lá grandes coisas, mas é a única que tenho por enquanto.
O que fiz foi desistir, fechar tudo e respirar. Vivo me prometendo mais tempo, mais cuidados, mais amigos por perto, menos stress (sim, eu escrevo assim) e maior organização. O que provavelmente alguns chamariam de covardia, eu chamo de prioridades.
Meu velho hábito de voar pra longe em momentos de tensão me manteve insone, então resolvi inverter o jogo - resolver pendências, descansar mentalmente, escrever e reformular o blog um pouco (o template antigo estava me incomodando), ouvir música e relaxar.
Tenho 28 anos e uma vida a resolver, não vou perder tempo pisando em ninguém - nunca fui assim e provavelmente nunca serei.
Então o que posso dizer pra você, que escapou da minha talvez patética tentativa de vingança, da chance que tinha (e ainda tenho) de te mostrar umas verdades? Você provavelmente rirá de mim e dirá que eu não tenho nada a dizer, que não posso te atingir nem te fazer sofrer, certo? Já esperava que você dissesse isso e sinceramente não estou nem um pouco disposta a ouvir. Então só posso te dizer o seguinte - são as escolhas que fazemos que demonstram o que somos, não nossos discursos. São as ações, não as palavras. Mentir pra si mesmo não nos torna melhores, só mais patéticos. Escolher não se vingar, escolher não fazer nada a não ser cuidar da minha própria vida não demonstra minha fraqueza - demonstra minha força. A força de enxergar meus próprios defeitos e minha própria idiotice. Fortes não são aqueles que se acham belos, fortes, poderosos, que precisam se auto-afirmar o tempo todo - são aqueles que reconhecem seus erros e admitem pra si mesmos.
That's how people grow up.
Nenhum comentário:
Postar um comentário