Durante muito tempo eu sentei à margem dos trilhos e esperei por um trem. Com a esperança de pular, não na sua frente como muitos pensam, mas para dentro. Para sempre.
O medo que me paralisava era camuflado pela desculpa de que precisava entender como ele funcionava, e assim o fiz: estudei todo o trajeto, observei calmamente a sinuosidade de suas curvas, os pequenos e grandes barulhos que fazia, o que queimava, o que produzia, o ritmo de seu movimento contínuo e seu compasso, aqueles que o colocavam em movimento, o que o movia e o que o parava. Cada desvio, cada parada, cada avanço.
Ainda assim mantive, por medo ou por precaução, a ressalva de que sempre estaria limitada a não saber tudo. Não existia, e nem nunca existirá, a possibilidade de entender tudo. Porém tomei o cuidado de enxergar não só o cenário, não só uma viagem; mas todo o contexto, toda a imagem - sempre dentro da possibilidade de minhas próprias limitações.
Para isso perdi inúmeras chances de embarcar - assisti imóvel e ansiosa cada vez que o trem passava por mim, à espera de um sinal de que meus movimentos seriam precisos e o salto, definitivo.
Porém a ansiedade que agora me consome é maior do que todas as vezes anteriores. A chance não se repetirá e a probabilidade de erro é gigantesca, mas é chegada a hora de tentar.
Preciso saber se sou capaz, preciso saber se o salto terá sucesso ao invés de apenas esperar e observar.
No fundo, admito que sempre soube que a hora certa chegaria muito tarde, que o tempo afiaria lentamente sua faca e somente na ameaça do golpe final, o sinal chegaria.
Mas ainda não sei se terei sucesso. Se perder essa chance, não haverá outra. Só me restará voltar ao ponto de partida e dormir o resto de todas as noites de minha vida.
Por hora não posso dormir.
Os obstáculos não são tão grandes que não possam ser superados, mas como em todo desfecho de volume, são aglutinados em uma tentativa desesperada de criar miragens que me distraem do único objetivo que tenho.
Se não tentar, passarei o resto dos meus dias atormentada pelo barulho do trem. Se conseguir embarcar, ainda assim posso ser jogada pra fora a qualquer momento.
Se acertar, encerro um tomo de capítulos da minha vida e estarei pronta para começar um novo.
Talvez nunca consiga, mas algo me diz que o momento chegou. A resposta só virá ao longo das próximas semanas.
Preciso me preparar, por que o trem se aproxima.
Did you see it move?
There's something there
It's in this very cloth that I weave
In the most peculiar ways that we behave
It's the time of the turning and the old world's falling,
Nothing you can do can stop the next emerging.
The time of the turning and we'd better learn to say our goodbyes.
It's the time of the turning and there's something stirring outside..,
If you stop for a moment you can feel it all slipping away.
It's the time of the turning and the old world's falling,
Nothing you can do can stop the next emerging.
There's something there
It's in this very cloth that I weave
In the most peculiar ways that we behave
It's the time of the turning and the old world's falling,
Nothing you can do can stop the next emerging.
The time of the turning and we'd better learn to say our goodbyes.
It's the time of the turning and there's something stirring outside..,
If you stop for a moment you can feel it all slipping away.
It's the time of the turning and the old world's falling,
Nothing you can do can stop the next emerging.
Time of the turning and we'd better learn to say our goodbyes...
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