27.10.11

Tic Nervoso

Post levinho para descontrair?

Nem tanto. É que nesse momento estou jogando pelo menos 2/3 da minha vida fora. 

Há alguns anos atrás, mencionei que estava fazendo uma grande arrumação nas minhas tralhas e empacotando tudo para me mudar (Aham, senta lá Claudia Zaíra) e com o meu deadline pessoal se aproximando (sem a menor perspectiva de dar certo) resolvi que cansei de juntar coisas...

Na verdade me apavorei com minha avó, que está deixando a família inteira em crise com suas manias, dentre elas, a de juntar bagulhos há mais de 50 anos sem jogar absolutamente nada fora. 

Hoarding. Já ouviram falar disso?

Então, há alguns dias comecei com umas revistas aqui, umas roupas velhas acolá, agendas antigas, canetas que não funcionam, isqueiros quebrados, recibos de pagamentos, comprovantes, extratos, cadernetas de colégio, etc. Quando me dei conta, eu estava rodeada de 30 anos da minha existência espalhados ao meu redor. Eu tinha jogado pouquíssima coisa fora e corria o risco de me tornar a minha vó em tempo recorde.

Falando assim parece fácil, mas no primeiro dia (comecei na terça) parecia que estava tirando um pedaço do meu corpo. Cada coisa no lixo me dava vontade de chorar. Queria guardar um bando de pequenas tralhas com a desculpa de que iriam ter utilidade depois.  
 
- É só consertar... 

- Deixa que eu junto com outro... 

- Ahh, isso é importante...

Fora a preguiça imensa de arrumar e colocar as coisas no lugar, para finalmente me tocar que as coisas não tinham mais lugar!

No fim das contas arranjei uma solução um tanto quanto tosca - estou fotografando algumas coisas (com a desculpa de que foto digital não ocupa espaço) e desapegando de tudo. O efeito da foto, por incrível que pareça, facilita o processo de desvinculação com o objeto. Fora que me surpreendi como o que sobrou agora não precisa mais se acumular em cima da minha cama...

A disposofobia (nome em português para a doença) pode chegar a um nível tão assombroso que a pessoa começa a recolher lixo na rua, com a desculpa de dar aos objetos uma função. Mas não vou sair por aí catando lixo - espero - na verdade ontem já se foram 4 sacos grandes e hoje já são mais dois desde que cheguei em casa.

Para uma historiadora parece meio traição agir com tanto desprezo, mas é necessário. Senão daqui a pouco só conseguiria um par de meias quando terminasse a pós em Arqueologia.

Mas que dá um nervoso jogar fora, porra... Desde ontem meu nervo ocular tá pulando carnaval.

Nenhum comentário: